quarta-feira, 23 de maio de 2012

Pastores Feridos

   Por Marcelo Brasileiro
 
Pastores que abandonam o púlpito enfrentam o difícil caminho da auto-aceitação e do recomeço.


Desânimo, solidão, insegurança, medo e dúvida. Uma estranha combinação de sensações passou a atormentar José Nilton Lima Fernandes, hoje com 41 anos, a certa altura da vida. Pastor evangélico, ele chegou ao púlpito depois de uma longa vivência religiosa, que se confunde com a de sua trajetória. Criado numa igreja pentecostal, Nilton exerceu a liderança da mocidade já aos 16 anos, e logo sentiria o chamado – expressão que, no jargão evangélico, designa aquele momento em que o indivíduo percebe-se vocacionado por Deus para o ministério da Palavra. Mas foi numa denominação do ramo protestante histórico, a Igreja Presbiteriana Independente (IPI), na cidade de São Paulo, que ele se estabeleceu como pastor. Graduado em Direito, Teologia e Filosofia, tinha tudo para ser um excelente ministro do Evangelho, aliando a erudição ao conhecimento das Sagradas Escrituras. Contudo, ele chegou diante de uma encruzilhada. Passou a duvidar se valeria mesmo a pena ser um pastor evangélico. Afinal, a vida não seria melhor sem o tal “chamado pastoral”?
As razões para sua inquietação eram enormes. Ordenado pastor desde 1995, foi justamente na igreja que experimentou seus piores dissabores. Conheceu a intriga, lutou contra conchavos, desgastou-se para desmantelar o que chama de “estrutura de corrupção” dentro de uma das igrejas que pastoreou. Mas, no fim de tudo isso, percebeu que a luta fora inglória. José Nilton se enfraqueceu emocionalmente e viu o casamento ir por água abaixo.  Mesmo vencendo o braço-de-ferro para sanar a administração de sua igreja, perdeu o controle da vida. A mulher não foi capaz de suportar o que o ministério pastoral fez com ele. “Eu entrei num processo de morte. Adoeci e tive que procurar ajuda médica para me restabelecer”, conta. Com o fim do casamento, perdeu também a companhia permanente da filha pequena, uma das maiores dores de sua vida.
Foi preciso parar.  No fim de 2010, José Nilton protocolou uma carta à direção de sua igreja requisitando a “disponibilidade ativa”, uma licença concedida aos pastores da denominação. Passou todo o ano de 2011 longe das funções ministeriais. No período, foi exercer outras funções, como advogado e professor de escola pública e de seminário.  “Acho possível servir a Jesus, independentemente de ser pastor ou não”, raciocina, analisando a vida em perspectiva. “Não acredito mais que um ministério pastoral só possa ser exercido dentro da igreja, que o chamado se aplica apenas dentro do templo. Quebrei essa visão clerical”. Reconstruindo-se das cicatrizes, Nilton casou-se novamente. E, este ano retornou ao púlpito, assumindo o pastoreio de uma igreja na zona leste de São Paulo. Todavia, não descarta outro freio de arrumação. “Acho que a vida útil de um líder é de três anos”, raciocina. “É o período em que ele mantém toda a força e disposição. Depois, é bom que esse processo seja renovado”. É assim que ele pretende caminhar daqui para frente: sem fazer do pastorado o centro ou a razão da sua vida.
Encontrar o equilíbrio no ministério não é tarefa fácil. Que o digam os ex-pastores ou pastores afastados do púlpito que passam a exercer outras atividades ou profissões depois de um período servindo à igreja. Uma das maiores denominações pentecostais do país, a Igreja do Evangelho Quadrangular (IEQ), com seus 30 mil pastores filiados – entre homens e mulheres –, registra uma deserção de cerca de 70 pastores por mês desde o ano passado. Os números estão nas circulares da própria igreja. Não é gente que abandona a fé em Cristo, naturalmente; em sua maioria, os religiosos que pedem licença ou desligamento das atividades pastorais continuam vivendo sua vida cristã, como fez José Nilton no período em que esteve afastado do púlpito. É que as pressões espirituais e as demandas familiares e pessoais dos pastores, nem sempre supridas, constituem uma carga difícil de suportar ao longo doa anos. Some-se a isso os problemas enfrentados na própria igreja, as cobranças da liderança, a necessidade de administrar a obra sob o ponto de vista financeiro e – não raro – as disputas por poder e se terá uma ideia do conjunto de fatores que podem levar mesmo aquele abençoado homem de Deus a chutar tudo para o alto.
A própria IPI, onde José Nilton militou, embora muito menor que a Quadrangular – conta com cerca de 500 igrejas no país e 690 pastores registrados –, teria hoje algo em torno de 50 ministros licenciados, número registrado em relatório de 2009. Pode parecer pouco, mas representa quase dez por cento do corpo de pastores ativos. Caso se projete esse percentual à dimensão da já gigantesca Igreja Evangélica brasileira, com seus aproximadamente 40 milhões de fiéis, dá para estimar que a defecção dos púlpitos é mesmo numerosa. De acordo com números da Fundação Getúlio Vargas, o número de pastores evangélicos no país é cinco vezes maior do que a de padres católicos, que em 2006 era de 18,6 mil segundo o levantamento Centro de Estatísticas Religiosas e Investigações Sociais. Porém, devido à informalidade da atividade pastoral no país, é certo que os números sejam bem maiores.
 
FERIDOS QUE FEREM
O chamado pastoral sempre foi o mais valorizado no segmento evangélico. Por essa razão, é de se estranhar quando alguém que se diz escolhido por Deus para apascentar suas ovelhas resolva abandonar esse caminho. Nos Estados Unidos, algumas pesquisas tentam explicar os principais motivos que levam os pastores a deixar de lado a tarefa que um dia abraçaram. Uma delas foi realizada pelo ministério LifeWay, que, por telefone, contatou mil pastores que exerciam liderança em suas comunidades eclesiásticas. E o resultado foi que, apesar de se sentirem privilegiados pelo cargo que ocupavam (item expresso por 98% dos entrevistados), mais da metade, ou 55%, afirmaram que se sentiam solitários em seus ministérios e concordavam com a afirmação “acho que é fácil ficar desanimado”. Curiosamente, foram os veteranos, com mais 65 anos, os menos desanimados. Já os dirigentes das megaigrejas foram os que mais reclamaram de problemas. De acordo com o presidente da área de pesquisas da Life Way, Ed Stetzer – que já pastoreou diversas igrejas –, a principal razão para o desânimo pode vir de expectativas irreais. “Líderes influenciados por uma mentalidade consumista cristã ferem todos os envolvidos”, aponta. “Precisamos muito menos de clientes e muito mais de cooperadores”, diz, em seu blog pessoal.
Outras pesquisas nos EUA vão além. O Instituto Francis Schaeffer, por exemplo, revelou que, no último ano, cerca de 1,5 mil pastores têm abandonado seus ministérios todos os meses por conta de desvios morais, esgotamento espiritual ou algum tipo de desavença na igreja. Numa pesquisa da entidade, 57% dos pastores ouvidos admitiram que deixariam suas igrejas locais, mesmo se fosse para um trabalho secular, caso tivessem oportunidade. E cerca de 70% afirmam sofrer depressão e admitem só ler a Bíblia quando preparam suas pregações. Do lado de cá do Equador, o nível de desistência também é elevado, ainda mais levando-se em conta as grandes expectativas apresentadas no início da caminhada pastoral pelos calouros dos seminários. “No começo do curso, percebemos que uma boa parte dos alunos possui um positivo encantamento pelo ministério. Mais adiante, já demonstram preocupação com alguns dilemas”, observa o diretor da Faculdade Teológica Batista de São Paulo, o pastor batista Lourenço Stélio Rega. Ele estima que 40% dos alunos que iniciam a faculdade de teologia desistem no meio do caminho. Os que chegam à ordenação, contudo, percebem que a luta será uma constante ao longo da vida ministerial – como, aliás, a própria Bíblia antecipa.
E, se é bom que o ministro seja alguém equilibrado, que viva no Espírito e não na carne, que governa bem a própria casa, seja marido de uma só mulher (ou vice-versa, já que, nos tempos do apóstolo Paulo não se praticava a ordenação feminina) e tantos outros requisitos, forçoso é reconhecer que muita gente fica pelo caminho pelos próprios erros. “O ministério é algo muito sério” lembra Gedimar de Araújo, pastor da Igreja Evangélica Ágape em Santo Antonio (ES) e líder nacional do Ministério de Apoio aos Pastores e Igrejas, o Mapi. “Se um médico, um advogado ou um contador erram, esse erro tem apenas implicação terrena. Mas, quando um ministro do Evangelho erra, isso pode ter implicações eternas.”
Desde que foi criado, há 20 anos, em Belo Horizonte (MG), como um braço do ministério Servindo Pastores e Líderes (Sepal), o Mapi já atendeu milhares de pastores pelo país. Dessa experiência, Gedimar traça quatro principais razões que podem ser cruciais para a desmotivação e o abandono do ministério. “Ativismo exagerado, que não deixa tempo para a família ou o descanso; vida moral vacilante, que abre espaço para a tentação na área sexual; feridas emocionais e conflitos não resolvidos; e desgaste com a liderança, enfrentando líderes autoritários e que não cooperam”, enumera. Para ele, é preciso que tanto os membros das igrejas quanto as lideranças denominacionais tenham um cuidado especial com os pastores. “Muitos sofrem feridas, como também, muitas vezes, chegam para o ministério já machucados. E, infelizmente, pastor ferido acaba ferindo”.
Quanto à responsabilidade do próprio pastor com o zelo ministerial, Gedimar é taxativo: “É melhor declinar do ministério do que fazê-lo de qualquer jeito ou por simples necessidade”. A rede de apoio oferecida pelo Mapi supre uma lacuna fundamental até mesmo entre os pastores – a do pastoreio. “É preciso criar em torno do ministro algumas estruturas protetoras. É muito bom que o líder conte com um grupo de outros pastores onde possa se abrir e compartilhar suas lutas; um mentor que possa ajudá-lo a crescer e acompanhamento para seu casamento e família e, por fim, ter companheiros com quem possa desenvolver amizades e relacionamentos saudáveis e sólidos”, enumera.
 
EXPECTATIVAS
Juracy Carlos Bahia, pastor e diretor-executivo da Ordem dos Pastores Batistas do Brasil (OPBB), sediada no Rio de Janeiro, conhece bem o dilema dos colegas que, a certa altura do ministério, sentem-se questionados não só pelos outros, mas, sobretudo, por si mesmos. Ele lida com isso na prática e sabe que o preço acaba sendo caro demais. “Toda atividade que envolve vocação, como a do professor, a do médico ou a do pastor, é vista com muita expectativa. Quando se abandona esse caminho, é natural um sentimento de inadequação”. Para Bahia, o desencantamento com o ministério pastoral é fruto também do que entende como frustrações no contexto eclesiástico. Há pastores, por exemplo, que julgam não ter todo seu potencial intelectual utilizado pela comunidade. “Às vezes, o ministro acha que a igreja que pastoreia é pequena demais para seus projetos pessoais”, opina. Isso, acredita Bahia, estimula muitos a acumularem diversas funções, além das pastorais. “Eu defendo que os pastores atuem integralmente em seus ministérios. Porém, o que temos visto são pastores-advogados, pastores-professores, enfim, pastores que exercem outras profissões paralelas ao púlpito”, observa.
No entender do dirigente da OPBB, esse acúmulo de funções mina a energia e o potencial do obreiro para o serviço de Deus. A associação reúne aproximadamente dez mil pastores batistas e Bahia observa isso no seio da própria entidade: “Creio que metade deles sofra com a fuga das atividades pastorais para as seculares”. Contudo, ele acredita que deixar o ministério não é algo necessariamente negativo. “A pessoa pode ter se sentido vocacionada e, mais adiante na vida, por meio da experiência, das orações e interação com outros pastores, é perfeitamente possível chegar à conclusão que a interpretação que fez sobre seu chamado não foi adequada e sim emotiva”.
Quando, já na meia idade, casado e com dois filhos, ingressou no Seminário Presbiteriano do Norte (SPN), na capital pernambucana, Recife, Francisco das Chagas dos Santos parecia um menino de tanto entusiasmo. Nem mesmo as críticas de parentes para que buscasse uma colocação social que lhe desse mais status e dinheiro o desmotivou. “A igreja, para mim, é a melhor das oportunidades de buscar e conhecer meu Criador para que, pela graça, eu continue com firmeza a abrir espaço em meu coração para que ele cumpra sua vontade em mim, inclusive no ministério pastoral”, anotou em sua redação para o ingresso no SPN, em 1998. Ele formou-se no curso, foi ordenado pastor em 2003 e dirigiu igrejas nas cidades de Garanhuns e Saloá.
Hoje, aos 54 anos, Francisco trabalha como servidor público no Instituto Agronômico de Pernambuco. Ainda não curou todas as feridas e ressentimentos desde que, em 2010, entregou seu pedido de desligamento da denominação. Ele lamenta o tratamento recebido pelos seus superiores enquanto foi pastor. “Minha opinião sobre igreja não mudou. Nunca planejei um dia pedir licença ou despojamento do ministério. Mas entendo que somos o Corpo de Cristo, e, se uma unha dói, todos nós estamos doentes”, pondera. “Não é possível ser pastor sem pensar em restaurar vidas – e existem muitas vidas precisando de conserto, inclusive entre nós, pastores”.
A vida longe dos púlpitos ainda não foi totalmente sublimada e Francisco sabe bem que será constantemente indagado sobre sua decisão de deixar o ministério. “A impressão é que você deixou um desfalque, que adulterou ou algo parecido”, observa. Ele não considera voltar a pastorear pela denominação na qual se formou, porém não consegue deixar de imaginar-se como pastor. “Uma vez pastor, pastor para sempre”, recita, “muito embora as pessoas, em geral, acreditem que seja necessário um púlpito.”
 
 
Porta de saída
 
Pesquisa realizada nos Estados Unidos traçou um panorama dos problemas da atividade pastoral...
 
70% dos pastores admitem sofrer de depressão e estresse
80% deles sentem-se despreparados para o ministério
70% afirmam só ler a Bíblia quando precisam preparar seus sermões
40% já tiveram casos extraconjugais
30% reconhecem ter reduzido as próprias contribuições às igrejas após a crise financeira
 
... e avaliou as consequências disso:
 
1,5 mil pastores deixam o púlpito todos os meses
5 mil religiosos buscavam emprego secular no ano de 2009, mais do que o dobro do que ocorria em 2005
2 a 3 anos de ministério é o tempo médio em que os pastores deixam suas igrejas, sendo em direção a outras denominações ou não
 
Fontes: Barna Group, Christian Post, The Wall Street Journal, Instituto Francis A. Schaeffer e Instituto Jetro
 
 
Rebanho às avessas
 
A maioria dos pastores que se afastam de suas atividades ministeriais não abandona a fé em Cristo. Cada um deles, a seu modo, mantém sua vida espiritual e o relacionamento pessoal com Deus. Mas há quem saia do púlpito pela porta dos fundos, renegando as crenças defendidas com ardor durante tantos anos de atividade sacerdotal. Para estes – e, é bom que se diga, trata-se de uma opção nada recomendável –, existe a Freedom from Religion Foundation (“Fundação para o fim da religião”), entidade criada por ninguém menos que o mais famoso apologista do ateísmo da atualidade, o escritor britânico Richard Dawkins, autor do best-seller Deus, um delírio. Ele e um grupo de céticos lançaram o Projeto Clero, iniciativa que visa a apoiar ex-clérigos – pastores, padres, rabinos – no reinício da vida longe das funções religiosas. “Sacerdotes que perdem sua fé sofrem uma penalização dupla. Eles perdem seu emprego e, ao mesmo tempo, sua família e a vida que sempre tiveram”, argumenta Dawkins, no site do projeto. Não se tem notícia confiável de quantos ex-líderes aderiram ao Projeto Clero, mas parece óbvio que a ideia do refúgio ateu não é apenas abraçar sacerdotes cansados da vida religiosa, mas também engrossar o rebanho crescente daqueles que repudiam a possibilidade da existência de Deus.
 
 
Mudança difícil
 
Não foi uma escolha fácil. Quando o ex-pastor batista Osmar Guerra decidiu que seu lugar não era mais o púlpito, logo foi fustigado por olhares de decepção das pessoas que estavam ao seu redor e acreditavam em seu trabalho espiritual. Afinal, desde menino ele era o “pastorzinho” de sua igreja em Piracicaba, no interior paulista. Desinibido e articulado, o garoto, bem ensinado pelos pais na fé cristã, apresentava uma natural vocação para o pastorado. Por isso, foi natural sua decisão de matricular-se Faculdade Teológica Batista de São Paulo e, após os anos de estudo, assumir a função de pastor de adolescentes da Igreja Batista da Água Branca (IBAB), na capital paulista.
Começava ali uma promissora carreira ministerial. Osmar dividia seu trabalho entre as funções na igreja e as aulas de educação cristã, lecionadas no tradicional Colégio Batista. Tempos depois, o pastor transferiu-se para outra grande e prestigiada congregação, a Igreja Batista do Morumbi. Mas algo estava fora de sintonia, e Osmar sabia disso. Toda sua desenvoltura na oratória, sua capacidade de mobilização e seu espírito de liderança poderiam não ser, necessariamente, características de uma vocação pastoral. E, como dizem os jovens que ele tanto pastoreou, pintou uma dúvida: seu lugar era mesmo diante do rebanho?  “Eu era um excelente animador. Mas me faltava vocação, e fui percebendo isso cada vez mais”.
O novo caminho, ele sabia, não seria compreendido com facilidade pela família, pelos amigos e pelas ovelhas. Mas ele decidiu voltar a estudar, e escolheu a área de rádio e TV. E, mesmo ali, não escapou do apelido de “pastor”, aplicado pela turma. Quando conseguiu um estágio na TV Record, percebeu que ficava totalmente à vontade entre os cenários, as produções e os auditórios. Com seu talento natural, Osmar deslanchou, e o artista acabou suplantando o pastor. Depois de pedir demissão da igreja, em 2005, ele galgou posições na emissora e hoje é o produtor de um dos programas de maior sucesso da casa, O melhor do Brasil, apresentado pelo Rodrigo Faro.
“Durante muito tempo, fiquei em crise”, reconhece hoje, aos 31 anos. “Tive medo de tomar a decisão de deixar de ser pastor. Mas, hoje, sinto-me mais confiante e honesto comigo mesmo e perante os outros”, garante. Longe do púlpito, mas não de Jesus, Osmar Guerra continua participativo na sua igreja, a IBAB, onde toca e canta no louvor. De sua experiência, ele se acha no direito de aconselhar os mais jovens. “Defendo que, antes do seminário, as pessoas busquem formação em outras áreas, ainda mais quando são novas”, diz. Isso, segundo ele, pode abrir novas possibilidades se o indivíduo, por um motivo qualquer, sentir-se desconfortável no púlpito. Contudo, ele não descarta o valor de um chamado genuíno: “Se, mesmo assim, a vontade de se tornar um pastor continuar, isso é sinal de que o caminho pode ser esse mesmo.”

Enviado pelo Pastor Edmilson Vila Nova - Coord. Nacional do Pastoreio de Pastores - Via  http://cristianismohoje.com.br

Deus te abençoe sempre
Pr. Marcilio Gomes Marinho

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Matando a Ira



                                                                John Piper

No casamento, a ira rivaliza com a lascívia como um assassino. Minha opinião é que a ira é um inimigo pior do que a lascívia. A ira também destrói outros tipos de camaradas. Algumas pessoas têm mais ira do que pensam, porque ela tem disfarces.
Quando a força de vontade esconde a raiva, a ira queima no íntimo, e os dentes da alma rangem com frustração. Ela pode manifestar-se em lágrimas que parecem tristeza. Mas o coração tem aprendido que esta talvez seja a única maneira de revidar a tristeza causada.
A ira pode se manifestar em silêncio, porque temos resolvido não lutar. Pode se mostrar em críticas severas e correção implacável. Pode atingir pessoas que não têm nada a ver com a origem da ira. Ela sempre se sentirá justificada pelo erro da causa. Afinal de contas, Jesus ficou irado (Mc 3.5), e Paulo disse: "Irai-vos e não pequeis" (Ef 4.26).
No entanto, a boa ira entre pessoas caídas é rara. Foi por isso que Tiago disse: "Todo homem, pois, seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar. Porque a ira do homem não produz a justiça de Deus" (Tg 1.19-20). Paulo também disse: "Os varões orem em todo lugar, levantando mãos santas, sem ira e sem animosidade" (1 Tm 2.8); e: "Longe de vós, toda amargura, e cólera, e ira, e gritaria, e blasfêmias, e bem assim toda malícia" (Ef 4.31).
Portanto, uma das maiores lutas da vida é a luta para manter "longe de nós a ira", e não apenas para controlar suas expressões. Para ajudá-lo nesta luta, eis aqui nove armas.

Primeira, pondere os direitos de Cristo de ficar irado, mas, depois, considere como ele suportou a cruz como um exemplo de longanimidade: "Porquanto para isto mesmo fostes chamados, pois que também Cristo sofreu em vosso lugar, deixando-vos exemplo para seguirdes os seus passos" (1 Pe 2.21).

Segunda, pondere quanto você tem sido perdoado e quanta misericórdia lhe tem sido mostrada. "Antes, sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus, em Cristo, vos perdoou" (Ef 4.32).

Terceira, pondere sua própria pecaminosidade e tire a trave de seu próprio olho. "Por que vês tu o argueiro no olho de teu irmão, porém não reparas na trave que está no teu próprio? Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, quando tens a trave no teu? Hipócrita! Tira primeiro a trave do teu olho e, então, verás claramente para tirar o argueiro do olho de teu irmão" (Mt 7.3-5).

Quarta, pense em como você não quer dar lugar ao Diabo, porque ira abrigada no íntimo é aquela coisa que a Bíblia diz explicitamente que abre a porta e o convida a entrar: "Irai-vos e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira, nem deis lugar ao diabo" (Ef 4.26-27).

Quinta, pondere a tolice de seu próprio autossofrimento, ou seja, os numerosos efeitos prejudiciais da ira para aquele que está irado - alguns espirituais, alguns mentais, alguns físicos e alguns relacionais. "Não sejas sábio aos teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal; será isto saúde para o teu corpo e refrigério, para os teus ossos" (Pv 3.7-8).

Sexta, confesse seu pecado de ira para algum amigo de confiança, bem como ao ofensor, se possível. Esta é uma importante atitude de cura: "Confessai, pois, os vossos pecados uns aos outros e orai uns pelos outros, para serdes curados. Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo" (Tg 5.16).

Sétima, permita que sua ira seja a chave para destrancar os calabouços do orgulho e da autopiedade em seu coração e substituí-los por amor: "O amor é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal; não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta" (1 Co 13.4-7).

Oitava, lembre que Deus operará todas as coisas para o seu bem, enquanto você confia na graça futura. Seu ofensor pode até lhe fazer o bem, se você reagir com amor: "Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito" (Rm 8.28). "Meus irmãos, tende por motivo de toda alegria o passardes por várias provações, sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança. Ora, a perseverança deve ter ação completa, para que sejais perfeitos e íntegros, em nada deficientes" (Tg 1.2-4).

Nona, lembre que Deus vindicará sua causa justa e acertará todas as coisas melhor do que você poderia fazê-lo. Ou seu ofensor pagará no inferno, ou Cristo já pagou por ele. Seu revide seria risco dobrado ou uma ofensa para a cruz. "Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira; porque está escrito: A mim me pertence a vingança; eu é que retribuirei, diz o Senhor" (Rm 12.19). "Ele, quando ultrajado, não revidava com ultraje; quando maltratado, não fazia ameaças, mas entregava-se àquele que julga retamente" (1 Pe 2.23).

Que matemos nossa ira e lutemos por alegria e amor cada dia.

Deus te abençoe sempre
Pr. Marcílio Gomes Marinho


segunda-feira, 14 de maio de 2012

Famílias Saudáveis Têm Comunicação Clara e Direta




“As palavras agradáveis são como um favo de mel, são doces para a alma e trazem cura para os ossos”; “Melhor é um pedaço de pão seco com paz e tranqüilidade do que uma casa onde há banquetes e muitas brigas”; “Começar uma discussão é como abrir brecha num dique; por isso resolva a questão antes que surja a contenda.” Provérbios 16:24;17:1,14.


“Evita discussões insensatas, genealogias, contendas e debates sobre a Lei; porque não têm utilidade e são fúteis.” Tito 3:9.

“Irmãos, não faleis mal uns dos outros. Aquele que fala mal do irmão ou julga a seu irmão fala mal da Lei e julga a Lei; ora, se julgas a Lei, não és observador da lei, mas juiz.” Tiago 4:11.

Outra característica das Famílias Saudáveis é o fato de terem “comunicação clara e direta”. Esta é a quarta característica dada pelo psicólogo e Pr. Jorge Maldonado, em palestra no 15º. Congresso do CPPC – Corpo de Psicólogos e Psiquiatras Cristãos do Brasil. Outras três qualidades: a Capacidade de Perdoar, Vivenciar Valores Espirituais e Estruturas Consistentes e Flexíveis
Uma boa comunicação é vital para o ótimo funcionamento familiar. As investigações sobre a comunicação do casal e da família apontam que podemos aprender as habilidades tanto de FALAR como de ESCUTAR. Assim, aprendemos de nossas famílias de origem, maneiras funcionais ou disfuncionais de nos comunicarmos.
O Dr. John Gottman, psicólogo da Universidade da Califórnia, pesquisou por 20 anos, perto de 3 mil casais, num interessante programa de pesquisa: cada fim de semana, um casal convidado tinha suas reações monitoradas, numa casa-laboratório parecida com um “Big Brother”. Tudo o que falavam, reações faciais, calor do corpo, pressão sanguínea etc., era registrado para pesquisa.
Eles seguiram as pistas tanto dos casais que permaneciam juntos, quanto dos que terminaram se divorciando. Os felizes e os infelizes. Traduziram tudo em estatísticas e puderam documentar com dados sólidos, que a grande maioria dos casais briga. Até os mais felizes, não resolviam 69% de seus desacordos. A chave do êxito, não é se “brigam ou não”, mas sim “COMO brigam”: com gentileza, sem exaltar-se a ponto de disparar o coração.
Gottman identificou o que chamou de “Quatro Cavaleiros do Apocalipse no Casamento”: a crítica, o desprezo, a defensividade e a incomunicabilidade. Geralmente estes problemas estão presentes em casamentos que terminam em divórcio. Em contrapartida, casais que permanecem juntos com relação satisfatória, desenvolvem “antídotos” para estas quatro condutas desastrosas, rompendo a tensão com humor, expressões de carinho, trabalhando para reparar o dano ou a ofensa.

A comunicação saudável em uma família tem quatro aspectos chaves:

1. CLAREZA. A comunicação é clara, específica e direta. As pessoas “dizem, aquilo que realmente querem dizer” e também “querem dizer, aquilo que efetivamente disseram”. Há menos “monopolização” das palavras e um intercâmbio mais ativo entre os membros da família. Em lugar de ignorar, culpar, impor, competir, os membros das famílias saudáveis, tentam ajudar a resolver os sentimentos ambivalentes que acontecem entre eles, através de afirmações e perguntas esclarecedoras.
2. EXPRESSÃO ABERTA DOS SENTIMENTOS. As emoções não são reprimidas, mas permitidas e expressadas. Seus membros se reconhecem mutuamente quando FALAM e quando ESCUTAM. Para isso, desenvolveram uma série de habilidades relacionadas com o respeito e o cuidado com os sentimentos do outro, com a capacidade de falar por si mesmo e não pelos demais, com a capacidade de abrir-se e assumir responsabilidades por seus próprios sentimentos e ações, e outras habilidades.

3. COLABORAÇÃO NA SOLUÇÃO DE PROBLEMAS. Especialmente em momentos de crise e mudanças contínuas. Isto requer tolerância para discutir abertamente e habilidade para encontrar soluções. Quando na família há amor incondicional, junto com a disposição de conversar sobre as pequenas coisas diárias, a capacidade de resolver problemas aumenta. Mas quando não se vive e nem se expressa o amor, quando há dificuldade para dialogar, a ira, a frustração e o desânimo podem bloquear a capacidade da família para resolver os problemas diários e aqueles relacionados com as crises.

4. O AFETO É EXPRESSO COM LIBERDADE E REGULARIDADE. O afeto costuma expressar-se tanto em palavras como em atitudes. Ambas as formas são necessárias e devem ser coerentes. Em famílias saudáveis, se dá afeto de forma incondicional, apenas pelo fato de ser parte da família. Não quer dizer que não se exerça a disciplina quando alguém comete uma falta, mas que intencionalmente se preserva o ser da pessoa e a disciplina focaliza as condutas. Nas famílias onde flui o afeto de forma regular, nota-se a energia, a espontaneidade, a alegria e o otimismo.

VOCÊ ACHA QUE A COMUNICAÇÃO EM SUA FAMÍLIA É SAUDÁVEL OU NÃO?

Autor: Pr. Sergio Leoto (http://www.sergioemagalileoto.com.br/).


Deus te abençoe sempre
Pastor Marcílio Gomes Marinho



terça-feira, 1 de maio de 2012

Por que estou Comprometido em Ensinar a Bíblia






 

 

 

John MacArthur


John MacArhtur, autor de mais de 150 livros e conferencista internacional, é pastor da Grace Comunity Church, em Sum Valley, Califórnia, desde 1969; é presidente do Master’s College and Seminary e do ministério “Grace to You”; John e sua esposa Patrícia têm quatro filhos e quatorze netos.


Jamais aspirei ser conhecido como um teólogo, um apologista ou um erudito. Minha paixão é ensinar e pregar a Palavra de Deus. Embora tenha abordado questões teológicas e controvérsias doutrinárias, em alguns de meus livros, nunca o fiz sob o ponto de vista da teologia sistemática. Pouco me inquieta o fato de que algum assunto doutrinário se enquadra nesta ou naquela tradição teológica. Desejo saber o que é bíblico. Todas as minhas preocupações estão voltadas às Escrituras, e meu desejo é ser bíblico em todo o meu ensino.
Pregue a Palavra
Esta é a atitude com a qual abracei o ministério desde o início. Meu pai é um pastor, e, quando lhe disse, há alguns anos, que senti haver Deus me chamado para o ministério, ele me presenteou uma Bíblia em que havia escrito essas palavras de encorajamento: “Pregue a Palavra!” Esta simples frase se tornou um estímulo em meu coração. Isso é tudo que tenho me esforçado para fazer em meu ministério — pregar a Palavra.
Os pastores de nossos dias sofrem tremenda pressão para fazerem tudo,exceto pregar a Palavra. Eles são instruídos pelos eruditos do Movimento de Crescimento de Igreja que têm de alcançar as “necessidades sentidas” dos ouvintes. São encorajados a se tornarem contadores de histórias, comediantes, psicólogos e preletores que motivam. São aconselhados a evitarem assuntos que os ouvintes acham desagradáveis. Muitos já abandonaram a pregação bíblica em favor de mensagens devocionais que têm o objetivo de fazer as pessoas sentirem-se bem. Alguns têm substituído a pregação por dramatização e outras formas de entretenimento.
Mas o pastor cuja paixão é completamente bíblica tem apenas uma opção: “Prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina” (2 Tm 4.2).
Quando Paulo escreveu essas palavras a Timóteo, ele acrescentou este aviso profético: “Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos; e se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fá- bulas” (vv. 3,4).
Com certeza, a filosofia de ministério do apóstolo Paulo não incluía a teoria de “dar às pessoas o que elas desejam”. Ele não instou Timóteo a realizar uma pesquisa a fim de descobrir o que as pessoas queriam; mas ordenou que ele pregasse a Palavra, com fidelidade, repreensão e paciência.
Na verdade, ao invés de insistir que Timóteo idealizasse um ministério que acumularia elogios do mundo, Paulo advertiu o jovem pastor a respeito de sofrimentos e dificuldades! O apóstolo não estava ensinando Timóteo sobre como ser bem-sucedido; estava encorajando-o a seguir o padrão divino. Paulo não o estava aconselhando a buscar prosperidade, poder, popularidade ou qualquer outro conceito mundano de sucesso. O apóstolo instava o jovem pastor a ser bíblico, apesar das conseqüências.
Pregar a Palavra nem sempre é fácil. A mensagem que somos exigidos a pregar é, com freqüência, ofensiva. O próprio Senhor Jesus é uma pedra de tropeço e uma rocha de escândalo (Rm 9.33; 1 Pe 2.8). A mensagem da cruz é uma pedra de escândalo para alguns (1 Co 1.23; Gl 5.11) e loucura para outros (1 Co 2.3).
Não temos permissão para embelezar a mensagem ou moldá-la de acordo com as preferências das pessoas. O apóstolo Paulo deixou isto claro, ao escrever a Timóteo: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça” (2 Tm 3.16 — ênfase acrescentada). Esta é a mensagem a ser proclamada: todo o conselho de Deus (At 20.27).
No primeiro capítulo de sua segunda carta a Timóteo, Paulo lhe dissera: “Mantém o padrão das sãs palavras que de mim ouviste” (2 Tm 1.13). O apóstolo se referia às palavras reveladas por Deus nas Escrituras — todas elas. Paulo instou Timóteo a guardar o tesouro que lhe havia sido confiado. No capítulo seguinte, o apóstolo aconselhou Timóteo a estudar a Palavra e manejá-la bem (2 Tm 2.15). E, no capítulo 3, Paulo o aconselhava a proclamá-la. Deste modo, todo o ministério de um pastor fiel gira em torno da Palavra de Deus — manter, estudar e proclamar.
Em Colossenses, Paulo, ao descrever sua própria filosofia de ministério, escreveu: “Da qual me tornei ministro de acordo com a dispensação da parte de Deus, que me foi confiada a vosso favor, para dar pleno cumprimento à palavra de Deus” (Cl 1.25 — ênfase acrescentada). Em 1 Coríntios, ele foi um passo além, afirmando: “Eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não o fiz com ostentação de linguagem ou de sabedoria. Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado” (1 Co 2.1-2). Em outras palavras, seu objetivo como pregador não era entreter as pessoas com um estilo retórico ou diverti-las com esperteza, humor, novos pontos de vistas ou metodologia sofisticada; o apóstolo simplesmente pregou a Cristo.
A pregação e o ensino fiel da Palavra de Deus têm de ser o âmago de nossa filosofia de ministério. Qualquer outra filosofia de ministério substitui a voz de Deus pela sabedoria humana. Filosofia, política, psicologia, conselhos despretensiosos, opiniões humanas jamais são capazes de fazer o que a Palavra de Deus faz. Essas coisas podem ser interessantes, informativas, entreter as pessoas e, às vezes, serem úteis, mas elas não constituem o objetivo da igreja. A tarefa do pregador não é ser um canal para a sabedoria humana; ele é a voz de Deus para a igreja. Nenhuma mensagem humana tem o selo da autoridade divina — somente a Palavra de Deus. Como ousa qualquer pregador substituí-la por outra mensagem? Sincera-mente, não entendo os pregadores que estão dispostos a abdicarem deste solene privilégio. Por que devemos proclamar a sabedoria dos homens, quando temos o privilégio de pregar a Palavra de Deus?
Seja Fiel, Quer Seja Oportuno, Quer Não
Nossa tarefa nunca se acaba. Não apenas temos de pregar a Palavra de Deus, mas também precisamos fazê-lo apesar das opiniões divergentes que nos rodeiam. Somos ordenados a nos mostrarmos fiéis quando esse tipo de pregação for tolerado e quando não o for.
Encaremos esse fato: pregar a Palavra agora não é oportuno. A filosofia de ministério norteada por marketing, que está em voga no presente, afirma claramente que proclamar as verdades bíblicas está fora de moda. Exposição bíblica e teologia são vistas como antiquadas e irrelevantes. Essa filosofia de ministério declara: “As pessoas que freqüentam a igreja não querem mais ouvir a pregação da Palavra. A geração do pós-guerra simplesmente não agüenta ficar sentada no banco, enquanto à sua frente alguém prega. Eles são frutos de uma geração condicionada pela mídia e precisam de uma experiência de igreja que os satisfaça em seus termos”.
O apóstolo Paulo disse que o pregador excelente tem de ser fiel em pregar a Palavra, mesmo quando isso não está na moda. A expressão que ele utilizou “esteja pronto” (no grego, ephistemi) literalmente significa “permanecer ao lado”, retratando a idéia de prontidão. Era freqüentemente usada para descrever uma guarda militar, sempre a postos, preparada para o dever. Paulo estava falando sobre uma intensa prontidão para pregar, assim como a de Jeremias, o qual afirmou que a Palavra de Deus era como um fogo em seus ossos. Isto era o que Paulo estava exigindo de Timóteo: não relutância, e sim prontidão; não hesitação, e sim coragem; não mensagens que motivavam os ouvintes, e sim a Palavra de Deus.


Corrige, Repreende e Exorta
Paulo também deu a Timóteo instruções a respeito do tom de sua pregação. Ele utilizou duas palavras que têm conotação negativa e uma que é positiva: corrige, repreende e exorta. Todo ministério de valor precisa ter um equilíbrio entre coisas positivas e negativas. O pregador que falha em reprovar e corrigir não está cumprindo sua comissão.
Recentemente, ouvi uma entrevista no rádio com um pregador bastante conhecido por sua ênfase em pensamento positivo. Esse pregador tem afirmado em seus escritos que evita qualquer menção do pecado em suas pregações, porque ele acha que as pessoas, de alguma maneira, estão sobrecarregadas com excessiva culpa. O entrevistador perguntou-lhe como ele poderia justificar essa atitude. O pastor respondeu que bem cedo em seu ministério havia decidido focalizar as necessidades das pessoas e não atacar seus pecados.
Entretanto, a mais profunda necessidade das pessoas é confessar e vencer seus pecados. Portanto, a pregação que não confronta e corrige o pecado, através da Palavra de Deus, não satisfaz a necessidade das pessoas. Falas sentirem-se bem e res- ponderem com entusiasmo ao pregador. Mas isso não é o mesmo que satisfazer suas verdadeiras necessidades.
Corrigir, repreender e exortar é o mesmo que pregar a Palavra de Deus, pois estes são os ministérios que as Escrituras realizam – “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça” (2 Tm 3.16). Observe o mesmo equilíbrio de tom positivo e negativo. Repreensão e correção são negativos, ensinar e educar são positivos.
O tom positivo é crucial também. A palavra “exorta” é para kaleo, um vocábulo que significa “encoraja”. O pregador excelente confronta o pecado e, em seguida, encoraja os pecadores arrependidos a comportarem-se de maneira cor-reta. Ele tem de fazer isso, com “paciência e longanimidade” (2 Tm 4.2). Em 2 Tessalonicenses 2.11, Paulo falou sobre exortar, encorajar e implorar, “como um pai a seus próprios filhos”. Isto freqüentemente exige muita paciência e instrução. Todavia, o pastor excelente não pode negligenciar esses aspectos de sua vocação.
Não se Comprometa em Tempos Difíceis
Existe urgência no encargo de Paulo ao jovem Timóteo: “Haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças como que sentindo coceira nos ouvidos” (2 Tm 4.3). Esta é uma profecia que lembra aquelas que encontramos em 2 Timóteo 3.1 (“Sabe, porém isto: Nos últimos dias, sobrevirão tempos difíceis”) e 1 Timóteo 4.1 (“O Espírito afirma expressamente que, nos últimos tempos, alguns apostatarão da fé”). Este, portanto, é o terceiro aviso profético de Paulo advertindo Timóteo a respeito dos tempos difíceis que estavam por vir. Observe a progressão: o primeiro aviso dizia que viria o tempo em que as pessoas se apartariam da verdade. O segundo advertia Timóteo sobre o fato de que tempos perigosos estavam vindo à Igreja. E o terceiro sugere que viria o tempo em que haveria na igreja aqueles que não suportariam a sã doutrina e, em vez disso, desejariam ter seus ouvidos coçados.
Isso está acontecendo na Igreja hoje. O evangelicalismo perdeu sua tolerância em relação à pregação confrontadora. As igrejas ignoram o ensino bíblico sobre o papel da mulher na igreja, a homossexualidade e outros assuntos. O instru- mento humano tem sobrepujado a mensagem divina. Esta é a evidência do sério comprometimento doutrinário. Se as igrejas não se arrependerem, esses erros e outros semelhantes se tornarão epidêmicos.
Devemos observar que o apóstolo Paulo não sugeriu que o caminho para alcançar nossa sociedade é abrandar a mensagem, de modo que as pessoas sintam-se confortáveis com ela. O oposto é verdade. Esse coçar os ouvidos das pessoas é uma abominação. Paulo instou Timóteo a estar disposto a sofrer por amor à verdade e continuar pregando a Palavra com fidelidade.
Um intenso desejo por pregação que causa coceira nos ouvidos tem conseqüências terríveis. O versículo 4 diz que essas pessoas “se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas” (2 Tm 4.4). Elas se tornam vítimas de sua própria recusa em ouvir a verdade. “Se recusarão” está na voz ativa. As pessoas voluntariamente escolherão essa atitude. “Entregando-se às fábulas” está na voz passiva; descreve o que acontece a tais pessoas. Tendo se afastado da verdade, elas se tornam vítimas do engano. Ao se afastarem da verdade, tornam-se presas de Satanás.
A verdade de Deus não coça nossos ouvidos; pelo contrário, ela os golpeia e os queima. Ela reprova, repreende, convence; depois, exorta e encoraja. Os pregadores da Palavra têm de ser cuidadosos em manter esse equilíbrio.


Sempre houve nos púlpitos homens que reuniram grandes multidões porque eram oradores dotados, interessantes contadores de histórias e preletores que entretinham os ouvintes; tinham personalidades dinâmicas; eram perspicazes manipuladores das multidões, políticos populares, elaboradores de mensagens que estimulavam os ouvintes e eruditos. Esse tipo de pregador pode ser popular, mas não é necessariamente poderoso. Ninguém prega com poder, se não pregar a Palavra de Deus. Nenhum pregador fiel minimiza ou negligencia todo o conselho de Deus. Proclamar toda a Palavra – essa é a vocação do pastor.

Fonte: Editora Fiél


Deus te abençoe sempre 

Pr. Marcílio



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